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De tudo um pouco me tem acontecido
Nunca percebi porque encontrava cartas de jogar na rua.
Sempre tive a impressão que algures um baralho tinha ficado incompleto; inútil para jogo batido.
Nunca fui jogador; de cartas, prefiro as epístolas, a rua e coisas incompletas.
Gosto também de passear por uma epístola à procura do dizer de uma frase perdida.
Da pinta das cartas, deitar e falar nada sei.
Aceitei a rua como cartomante; falou-me então de passado, coisas ruins, namoradas louras e morenas, fortunas e azares, divórcios felizes para futuro.
Contou-me, por fim, que de tudo um pouco me tem acontecido.
Encontros da Imagem – 10 anos. Braga – 1996.
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